terça-feira, 22 de maio de 2012

Falar só por falar


Emily: Eu não sei o que fazer. Eu não consigo encontrar uma saída, uma maneira de conseguir fazer isso tudo funcionar.
Matheus: Eu não sei o que tu queres comigo.
Emily: Eu também não sei. Aliás, eu sabia até tu transformares todas as minhas ideias.
Matheus: Como assim?
Emily: Assim. Apenas assim.
Matheus: Pra mim eu sempre fui só teu amigo.
Emily: E era mesmo. Como eu disse até tu mudares todas as minhas ideias.
Matheus: Eu mudei como?
Emily: Chegou dizendo que gostava de mim.
Matheus: Só isso? Tu saber que eu gostava de ti te fez mudar as ideias?
Emily: Basicamente. Acho que era o que faltava, sabe?
Matheus: Não sei.
Emily: Como se eu sentisse o mesmo e não tivesse descoberto ainda, até tu falares e eu pensar que ‘’podia ser aquilo mesmo’’.
Matheus: O que tu quer dizer com isso?
Emily: Quero dizer que eu não sei o que eu sinto, só fico angustiada sem falar contigo, sem te ter na minha vida. Sem tu me ligar porque ‘’acha injusto tu estar estudando e eu dormindo’’.
Matheus: Não to entendendo. Explica melhor.
Emily: Nem eu entendo. Eu fico perdida sem falar contigo, sem saber o que tá acontecendo na tua vida, e me contorço de ciúmes com qualquer coisa que eu vejo tu dizendo.
Matheus: Só eu posso sentir ciúmes.
Emily: Fácil. Eu me mordo de ciúmes, apenas. Eu queria conseguir te dizer exatamente tudo que se passa pela minha cabeça, mas é muito difícil.
Matheus: Eu fico imaginando tu na tua cidade com os caras lá e morro aqui.
Emily: Acontece que eu quero você comigo, ou pelo menos acho que quando se sente isso que eu sinto é porque se quer a pessoa, não sei.
Matheus: Eu me sinto uma criança falando contigo.
Emily: Por quê?
Matheus: Sem saber de nada, sem ter certeza de nada.
Emily: Somos dois. Tu fazes minha cabeça e minha vida ser um ponto de interrogação.
Matheus: Desculpa.
Emily: Tu complicas tudo, ainda mais por estar longe de mim. Por que não na mesma cidade? Por quê?
Matheus: Por que, né.
Emily: A gente conversa, conversa, e acaba praticamente não dizendo nada. Eu só fico perdida sem você. E morro por estar longe.
Matheus: Eu também.
Emily: O que a gente pode fazer então?
Matheus: Eu não sei. Não sei mesmo.
Emily: Eu acho que não tem o que fazer, além de continuar ‘’como está’’.
Matheus: Por quê?
Emily: Porque não acho justo contigo ‘’arriscar’’nisso. Não acho justo, e não acho funcionável. Eu morro estando longe e tendo te visto uma vez só, e sem termos alguma coisa. Imagina se por um acaso a gente tivesse algo, e eu passasse sei lá quantas semanas sem saber de ti. Falando por mensagens e/ou telefonemas.
Matheus: Por que não é justo?
Emily: Não acho justo pelo fato de acabar te ‘’proibindo’’ de se envolver com outras gurias e quem sabe conhecer alguém muito legal, e que combine contigo e que tu se apaixones e more na mesma cidade que tu, e transforme em um relacionamento saudável, e funcionável.
Matheus: Não tem nada a ver.
Emily: Lógico que tem.
Matheus: Não acho.
Emily: Tu tens tanto tempo pra conhecer tanta gente ao invés de se prender a mim. Não me sinto merecedora disso.
Matheus: Disso o que?
Emily: De todo esse teu sentimento, o jeito que tu me trata, que tu fala comigo. De não achar que poderia ser uma coisa ruim pra ti, por tudo. Não sei, às vezes eu penso que se eu não tivesse te conhecido teria sido ‘’melhor’’. Penso estar estragando uma parte da tua vida que poderia ser a mais legal de todas.
Matheus: Tu não gostas?
Emily: Eu amo. E por isso eu acho que não mereço.
Matheus: Não faz sentido.
Emily: É eu sei. Mas é assim que é. Eu simplesmente me perco sem você na minha vida. Mas ao mesmo tempo não tenho o que fazer. Eu te diria ‘’namora comigo’’ muito fácil se tu morasses na mesma cidade que eu, e não tivesse me complicado a vida, em meio aos meus outros rolos.
Matheus: Que rolos?
Emily: Eu tinha toda uma vida e várias outras pessoas envolvidas nelas até tu chegar e transformar tudo.
Matheus: Outros guris, no caso.
Emily: Basicamente.
Matheus: Não gosto de saber disso.
Emily: Mas é a verdade, e é preciso. Tu mudaste tudo de uma forma absurda a ponto de fazer a pessoa mais decidida do mundo (eu) não saber mais de nada do que tá acontecendo. Eu não sei como me sinto, nem o que sinto, nem como quero e o que quero. Tu complicas minha vida.
Matheus: Tu complicas a minha.
Emily: Por quê?
Matheus: Por que eu nunca senti isso antes. Eu não sei como é, como faz.
Emily: E o que tu queres?
Matheus: Você.
Emily: Eu nunca sei o que dizer quando tu falas coisas deste tipo.
Matheus: Tu não sabes o que quer né.
Emily: Não. Ou ‘’talvez’’ não, talvez eu saiba, mas tenha medo de dizer e estar confundindo tudo. E estragar ‘’tudo’’ o que não existe. Eu não acho que a gente junto vai funcionar, vai dar certo, vai ser bom.
Matheus: Mas não é impossível.
Emily: Lógico que não. Mas eu tenho muito medo. Tu não tens noção do quanto eu me cuido pra não falar qualquer coisa que tu possas te machucar com isso, e ficar triste ou qualquer coisa assim. Eu não sei, mas parece que tenho que cuidar de ti, o tempo todo.
Matheus: Nossa.
Emily: E então falar de amor ou qualquer coisa assim contigo fica muito, muito, muito complicado.